Todo mundo alguma vez na vida teve uma amizade sincera, aquela que não te cobra nada além de amor sincero. O amor de um cão!
Uma das minhas grandes perdas foi a do meu cão, o Pingo, ele estava conosco desde que eu era criança e foi o amigo mais sincero de toda a minha infância e juventude.
O nome dele fui eu que escolhi, eu era criança e costumava a assistir o desenho dos 101 dálmatas, quem não se lembrar do cãozinho agitado, travesso, e muito carinho que era o Pingo, pois bem esse se tornou o nome do meu cãozinho que tinha as mesmas qualidades do desenho.
Como todo pinscher que se preze ele era agitado, carinhoso, e defendia seus entes, mas sua marca mais forte era mesmo seu gênio, pois ele não tinha tamanho, mas tinha toda a coragem de um cão maior. Era bravo, mas não fazia mal pra ninguém. Quem também não se lembra do paninho dele, sim, esse paninho fez muitas pessoas rirem, mas ele adorava.
Lembro-me de algumas coisas, como levar ele pra tomar vacina, eu não conseguia levá-lo sozinha, pois não suportava olhar pro seus olhos e ver o quanto ele estava com medo. Lembro também das bagunças que ele fazia aqui em casa, de quando eu era pequena e ele logo de manhã entrou correndo em casa e pulou em cima da minha cama para me acordar. Lembro de quando ele brincava de cabo de guerra comigo e sem querer escorregou e quebrou o dente (fiquei muito mal com isso), mas ele me olhava como se me dissesse, ‘tudo bem, não foi nada’.
O Pingo não era adestrado, e não saia muito de casa, um dia ele escapou e não voltou, fiquei dias e mais dias andando de bicicleta para poder encontrá-lo e contava com a ajuda da minha prima. Tinha medo de não encontrá-lo, pois como ele não saia de casa, eu sabia que ele não ia achar sozinho novamente, tinha muito medo que pudesse morrer na rua, isso me fazia chorar todos os dias.
Num certo dia, como sempre eu e minha prima fomos andar de bicicleta para procurá-lo e como milagre, ele nos encontrou. Eu estava vindo embora pra casa, e ele me viu, e começou a latir, foi a primeira vez que ouvir o latido dele foi a melhor coisa do mundo, na mesma hora larguei a bicicleta no chão e fui buscá-lo, tanto para ele quanto para mim foi uma alegria só.
Não lembro dia, mês e ano que ele se foi, mas lembro de como foi, eu costumava levantar bem cedo pra ir trabalhar com meu pai e todo dia acordava com meu pai e minha mãe conversando, não tinha como não acordar, mas num certo dia, acordei e tudo estava muito quieto, levantei fui ao banheiro como de costume, não vi ninguém na sala e nem na cozinha, eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, e sabia que era com o Pingo, mas resolvi voltar pro meu quarto me trocar e esperar alguém ir até lá pra me chamar.
Entrei na caminhonete, e um saco preto fechado estava bem abaixo dos meus pés, eu sabia exatamente o que era (me segurei pra não chorar), mas preferi ficar quieta e não perguntar pro meu pai. Nesse dia eu tentei ser muito forte, não se falou no acontecido e nem mesmo se trocou palavras dentro da minha casa sobre o cão. Ele tinha ido embora, e deixado lembranças de uma vida inteira, afinal foram 9 anos (segundo minha mãe) convivendo conosco, nos alegrando e nos irritando.
Não fui a melhor dona do mundo, mas com certeza ele foi o melhor cão do mundo.
Pingo, já bem velhinho!
(foi a única foto que consegui encontrar)
Obs: Sim, eu chorei muitooooooooooo ao escrever isso!!